sábado, 2 de abril de 2011

PRECONCEITO? Tô fora!

    

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Talvez motivados pelos recentes escândalos, alguns amigos sugeriram-me escrever alguma coisa em que eu abordasse o preconceito quanto ao sexo.

Gente, olhem bem para mim! Lembram-se de que em nossas famílias sexo era assunto tabu? Mãe não falava nada além de umas noçõezinhas bobas sobre o funcionamento do corpo humano, que ficavam bem aquém das aulas de Biologia, e – o mais importante com certeza! – uma advertência para que sempre seguíssemos o sexto mandamento das tábuas da lei do Catolicismo. Acho que continuo repetindo o modelo. Não sei falar sobre sexo.

Até posso ter cometido o deslize de contar a uma ou duas amigas que, vez ou outra, faço amor comigo mesma. Mas fica apenas na declaração. Sem qualquer instalação mais ampla das instâncias descritivas do texto oral.

Sei falar de literatura. É claro, muito mais pelo aprendido na rua do que pelo ouvido em âmbito familiar. Nesse campo, sim, tenho experiências bem descritíveis. Não queiram, entretanto, fazer-me perguntas difíceis ou obrigar-me a explicações acadêmicas e palestras didáticas. Não sou nenhuma Rita Rostirolla. Detesto debates de crítica literária. Literatura para mim é intensificação do prazer da vida. Só isso.

Na literatura tenho minhas preferências. Uma delas é Gertrude Stein. Mas abro o leque: Clarice Lispector, Cecília Meireles, Alfonsina Storni, Florbela Espanca, outras mais... até Adília Lopes, apresentada há pouco por uma grande amiga. Tudo bem, por conta de Diadorim até trago Guimarães Rosa para dentro deste seleto clube.

Gente, insisto, olhem bem para mim! Não sei falar sobre sexo. Não sei falar sobre preconceito. Aliás, preconceito, tô fora!
 

13 comentários:

  1. Preconceiro, também estou fora, Márcia. Às vezes nem quero falar sobre, mas há momentos que fico tão indignada, que saiu atirando. Bem, quando a gente fala de literatura, falamos de tantas coisas também, né?
    Beijos,

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. belas letras vc tem uma maneira linda de dizer en letras o sentir que de seu coracao nace, aquele que deseja brotar en estas lineas que de forma clara se sente... parabems

    saludos
    otima semana
    abracos amiga

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  4. É, você tá certa Márcia: vergonha na cara não é pra qualquer um!

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  5. Bonjour Marcia,
    Je découvre ton blog et ton style d'écriture sympa.
    J'aime assez ta décontraction.Je reviendrai un de ces jours.
    Amicalement,

    Roger

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  6. Márcia - recebi um desafio e pensei em algumas pessoas - bem diferentes entre si -, para respondê-lo (Caso aceite, claro). Tenho certeza que desse assunto você vai gostar!

    O ENGENHOLITERARTE tem um Desafio Literário para você: deixe-nos aprender um pouco com a sua experiência.

    Passe no Engenho e veja o desafio.

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  7. OLÁ MARCIA LUZ, TUDO BOM?
    PARABÉNS POR ESTE ARTIGO MARAVILHOSO: "PRECONCEITO? TÔ FORA".
    EU ESTAVA PESQUISANDO E ACABEI TE ENCONTRANDO, AGORA JÁ LI MAIS ALGUNS ARTIGOS(AINDA NÃO TODOS) E DEVO CONFESSAR QUE SE DEUS QUISER PRETENDO LER TODOS.
    SEMPRE VOU PASSAR POR AQUI, PORTANTO DEIXE ELE SEMPRE BEM ATUALIZADO OK. GOSTEI MUITO DOS ARTIGOS.
    VALEU MESMO.
    ABRAÇOS A TODA FAMILIA
    BJS
    CLAUDIO E ADRIANA

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  8. Olá Marcia Luz,

    Amei o teu estilo simples, mas conciso, inteligente, sensível, sincero e intenso de escrever. Nãos tens luz só no sobrenome, mas sobretudo na literatura de excelente qualidade. Parabéns. Convido-a gentilmente a visitar meu canto em

    http://emaranhadorufiniano.blogspot.com

    Seus comentários serão uito bem vindos. Já estou te seguindo. Bjs!!!

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  9. Às vezes respondo a cada um dos comentários. Às vezes a interação se faz silenciosa. São quando as palavras recebidas calam na alma.

    Obrigada a todos pelos deliciosos comentários!

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  10. Olá, Márcia
    Que prazer ter recebido sua visita! Já conhecia seu blog lá pelo Tuca.
    Acho que eu diria que a literatura descobre a vida nessa intensificação do prazer. Adorei o texto.

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  11. Márcia,
    dizem, aqui nestas periferias da vida, que só tem malandro ontem tem otário. E "fabricar dificuldades" é próprio de quem quer "vender facilidades"... É o caso! Reprimir instintos e suas manifestações com a promessa do inferno ou do paraíso é imoral, inconsequente, irresponsável, indecente. Há que ter equilíbrio, sensatez e bom senso. A irreverância, deixamos para aqueles momentos felizes quem vale a penar deixar os corpos falarem. Parabéns pelo artigo! Você fala muito bem sobre sexo!

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  12. Falar de preconceitos é árduo, penoso mesmo. Pois é lidar com nossas sombras! Martiriza aqueles que tem alma e sentem a dor vívida da injustiça e da exclusão sua e do outro! É carregar uma cruz! É caminho sem fim! Expõe nossa fraqueza, nossa pequenez, nossa mesquinharia, medos e incapacidade em reconhecer que somos falhos. No entanto, é também sublimar nossos demônios e dizer a eles: olha eu posso com você, parte apartada de mim, pedaço meu que nego, mas que me acompanha, silencioso e cheio de ardis.Gosto de Caetano quando fala: o maior preconceituoso diz não ter preconceitos. Você nas entrelinhas diz tudo que é para ser dito, dos medos, dos anseios, dos desejos nos recôncavos do corpo e do espírito. A sexualidade está em todo lugar, no que não se diz, mas se tem vontade, no que se diz mesmo sem querer dizer.
    Beijo.

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  13. Olá Márcia, meu nome é Andressa. Também tenho dificuldades para falar sobre sexo, meus pais são muito rígidos comigo, e isso me deixa muito triste as vezes.
    Fico feliz em ver que existem pessoas capazes de falar e compreender esse assunto, pois sinto falta desse apoio. Sabe, as vezes eu também me pego fazendo amor comigo mesma, e nem meu namorado consegue me entender por isso.
    Gostaria muito de poder conversar com alguém sobre isso... pois sinto que a maioria das pessoas poderia me julgar mal, e ter preconceito, numa tremenda falta de ética.
    Parabens Márcia pelo seu blog, e saiba que aqui você tem uma nova ávida leitora.
    Beijos, e obrigada...

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