foto Casa de Fado Velho Páteo de Sant'ana - acervo pessoal
Os vultos que se apresentam pela fresta
Já não me causam medo.
Houve um tempo,
Os fantasmas entravam pela janela
Eu, criança apavorada, me agarrava ao cobertor
E imaginava coisas lindas com o anjo que era meu namorado...
Cresci. As ilusões cresceram comigo.
Houve um tempo,
As coisas lindas tornaram-se mais humanas e o namorado deixou de ser anjo
Os fantasmas, acanhados, sumiram-se
No meio da madrugada eram quatro as mãos que se agarravam sob o cobertor...
Envelheci. As ilusões envelheceram comigo.
Hoje tudo é vulto
Na necessidade de cobertor eu me agarro aos fantasmas
E mesmo que eles queiram fugir pela janela
Eles sabem... agora são meus anjos.