terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

No tempo, fantasmas e anjos...




Os vultos que se apresentam pela fresta
Já não me causam medo.

Houve um tempo,
Os fantasmas entravam pela janela
Eu, criança apavorada, me agarrava ao cobertor
E imaginava coisas lindas com o anjo que era meu namorado...
Cresci. As ilusões cresceram comigo.

Houve um tempo,
As coisas lindas tornaram-se mais humanas e o namorado deixou de ser anjo
Os fantasmas, acanhados, sumiram-se
No meio da madrugada eram quatro as mãos que se agarravam sob o cobertor...
Envelheci. As ilusões envelheceram comigo.

Hoje tudo é vulto
Na necessidade de cobertor eu me agarro aos fantasmas
E mesmo que eles queiram fugir pela janela
Eles sabem... agora são meus anjos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Essa vontade



Cena última
(Descanse em paz, querido. Aqui deitado ao meu lado bem junto de mim para todo o sempre.)

Cena penúltima
...
???
...
(Um dia, há muito, tive vontade de um tapete vermelho na sala, imponente! Almofadas, revistas e duas taças de champanhe. Ficou só no desejo.)

Cena inicial
(Como explicar essa vontade enorme de querer dormir com você?)

Cena intermediária
(O paraíso. E as estrelas brilhavam como meus olhos. Está feliz? Muito. Assim,... acaba amanhã... Não vai acabar nunca.)