Aquela era a época dos 15 anos. Eu ainda parecia criança. A escola, pela manhã; à tarde, os serviços caseiros; os sonhos, à noite. O mundo resumia-se à finitude dos quilômetros das poucas terras que eu já percorrera. Qualquer outro chão compunha a abstração geográfica da fantasia que chegava pelos livros e pela televisão.
Foi quando me interessei por árvores. Não aquele interesse da infância. Eu tinha muito medo de altura. Não era de arriscar-me em pequenas levadices inconsequentes.
O que vi nas árvores não foi possibilidade de movimento – subir, descer – usando pés e mãos. A atração se fez feito pássaro. As asas dos olhos em direção à copa florida. Espaços e aromas novos conduziam à exploração de cores e texturas novas. Eram os sentidos descortinando um mundo além do corpo.
A camisa branca do colégio vestiu-se de laivos de ipê. Os rastros da caminhada geravam arco-íris cortados de atalhos. Os pés, lépidos, pela estrada, não se queriam raiz. O pensamento, flor, flanando entre folhas verdes e nesgas azuis.
A primavera chegava. E – novidade! – trazia beija-flores.
Nossa, Márcia, te vi por um ângulo inédito pra mim e gostei muito! :-)
ResponderExcluirBeijos,
Que bom que gostou, Tânia! Obrigada! Beijos.
ExcluirUm texto intenso que me levou aos meus tempos de menino, às descobertas, às sensações novas que se apresentavam. Parabéns pela maneira que escreves e tão bem transmites essas marcas do sentir. Um abraço
ResponderExcluirSe o que lemos provoca algo em nós, o texto cumpriu sua função. Obrigada, Paulo! Um abraço.
ExcluirEste pensador, viajeiro entre Sois
ResponderExcluirEsta Ave pousada em mil embarcações
Esbarco que passa sem vela ou remo
Esta arca repleta de vibrantes emoções
Esta mestiça flor de açafrão
Este ramo de espinhos cravados na mão
Esta alma que não ousa largar opinião
Este homem vestido de solidão
Boa semana
Doce beijo
O beijo chegou enlevado no perfume de seus versos...
ExcluirLindo o texto Márcia.... cheio de luz... a foto do ipê é mesmo linda, dando um toque azul ao texto... Saudades de tua visita.
ResponderExcluirNão ando sabendo organizar meu tempo... aparecerei.
ExcluirDentre todos os poemas,
ResponderExcluirA única poesia que encontrei
Foi você.
(Agamenon Troyan)