foto Casa de Fado Velho Páteo de Sant'ana - acervo pessoal
Os vultos que se apresentam pela fresta
Já não me causam medo.
Houve um tempo,
Os fantasmas entravam pela janela
Eu, criança apavorada, me agarrava ao cobertor
E imaginava coisas lindas com o anjo que era meu namorado...
Cresci. As ilusões cresceram comigo.
Houve um tempo,
As coisas lindas tornaram-se mais humanas e o namorado deixou de ser anjo
Os fantasmas, acanhados, sumiram-se
No meio da madrugada eram quatro as mãos que se agarravam sob o cobertor...
Envelheci. As ilusões envelheceram comigo.
Hoje tudo é vulto
Na necessidade de cobertor eu me agarro aos fantasmas
E mesmo que eles queiram fugir pela janela
Eles sabem... agora são meus anjos.
Muito lindo seu poema, parabéns.Beijos
ResponderExcluirUma bela idéia: com o tempo, tornamo-nos fantasmas. Um tanto pessimista mas, nem por isto menos instigante.
ResponderExcluirDeus, é verdade, como estamos enganados ao supor que as ilusões nos abandonam feito fios de cabelos, dentes, células, sapatos e botões. Elas crescem com a gente e envelhecem, apenas nos envergonhamos de admitir, como adolescentes constrangidos com a carona que o pai lhes oferece para ir à escola.
ResponderExcluirQue belo final!
Abraço.
Nada muda tanto...Invertem as posições, os objetos do medo tornam-se íntimos depois de despirem-se pouco a pouco e se dizerem quem são...
ResponderExcluirLindo poema, Márcia!
Meu Deus, que coisa mais linda, Márcia!
ResponderExcluirObrigada por criá-lo!
Beijos!
http://nebulosavolatil.blogspot.com/
Arrepiei,
ResponderExcluirFoi um fantasma ou um anjo?
Depois deste poema me perdi.
www.entre-primos.blogspot.com