terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

No tempo, fantasmas e anjos...




Os vultos que se apresentam pela fresta
Já não me causam medo.

Houve um tempo,
Os fantasmas entravam pela janela
Eu, criança apavorada, me agarrava ao cobertor
E imaginava coisas lindas com o anjo que era meu namorado...
Cresci. As ilusões cresceram comigo.

Houve um tempo,
As coisas lindas tornaram-se mais humanas e o namorado deixou de ser anjo
Os fantasmas, acanhados, sumiram-se
No meio da madrugada eram quatro as mãos que se agarravam sob o cobertor...
Envelheci. As ilusões envelheceram comigo.

Hoje tudo é vulto
Na necessidade de cobertor eu me agarro aos fantasmas
E mesmo que eles queiram fugir pela janela
Eles sabem... agora são meus anjos.

6 comentários:

  1. Uma bela idéia: com o tempo, tornamo-nos fantasmas. Um tanto pessimista mas, nem por isto menos instigante.

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  2. Deus, é verdade, como estamos enganados ao supor que as ilusões nos abandonam feito fios de cabelos, dentes, células, sapatos e botões. Elas crescem com a gente e envelhecem, apenas nos envergonhamos de admitir, como adolescentes constrangidos com a carona que o pai lhes oferece para ir à escola.

    Que belo final!

    Abraço.

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  3. Nada muda tanto...Invertem as posições, os objetos do medo tornam-se íntimos depois de despirem-se pouco a pouco e se dizerem quem são...
    Lindo poema, Márcia!

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  4. Meu Deus, que coisa mais linda, Márcia!
    Obrigada por criá-lo!
    Beijos!

    http://nebulosavolatil.blogspot.com/

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  5. Arrepiei,
    Foi um fantasma ou um anjo?
    Depois deste poema me perdi.

    www.entre-primos.blogspot.com

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